On-line version ISSN 1981-1829
Ciênc.
agrotec. vol.32 no.6 Lavras Nov./Dec. 2008
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542008000600003
As praças Dr.
Augusto Silva e Leonardo Venerando Pereira, Lavras - MG, segundo a visão dos
seus frequentadores
The park dr. Augusto Silva, Lavras - MG, according
to viewpoint of its users
RESUMO
As praças
públicas, além de contribuírem para o embelezamento das cidades, também
desempenham uma função importante no contexto urbanístico ambiental. A Praça
Dr. Augusto Silva, situada no município de Lavras, MG, também já foi chamada de
Largo da Matriz, Praça Central e Jardim Municipal, que foi inaugurado
oficialmente em 29 de novembro de 1908, quando passou a ter o nome de um
ilustre médico lavrense. A praça Dr. Augusto Silva, possui atualmente, área de
7.552,65 m2 e apresenta como prolongamento a praça Leonardo
Venerando Pereira, com área atual de 2.041,72 m2. Até 1940, esse prolongamento
era denominado de Praça da Bandeira. Constatou-se, que desde o início da década
de 1910, o local foi palco de grandes celebrações e encontros políticos e
também foi muito freqüentado pela população. A Praça possui rica vegetação,
onde se destacam uma centenária Tipuana (Tipuana tipu), diversos ipês (Tabebuia
spp.), palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea). Objetivando-se
avaliar a situação atual e usos, foi realizada uma avaliação, mediante análise
quantitativa e pesquisa junto à população. Foram feitas uma série de avaliações
referentes aos seguintes itens: aspectos urbanísticos, físicos e a vegetação. A
pesquisa de opinião foi aplicada a aproximadamente 600 usuários, na própria
praça, em dias da semana e horários diferentes, por meio de um questionário com
perguntas diretas ao próprio entrevistado. Os dados coletados foram analisados
estatisticamente utilizando o Software SPSS, de onde foram obtidas as
freqüências porcentuais. A maior parte dos entrevistados julga a praça como um
ponto de encontro entre amigos, onde contemplam a sua beleza e descansam. Por
meio de pesquisa de opinião realizada com os usuários da praça, pôde-se
identificar que se trata de um local muito freqüentado por várias faixas
etárias, em diferentes períodos do dia. A praça Dr. Augusto Silva mostra-se de
grande importância na vida diária da população, melhorando principalmente sua
qualidade de vida ambiental.
Termos para indexação: Áreas verdes, Praça pública, Paisagismo.
ABSTRACT
Public squares
besides collaborating the beauty of cities, also exert important function in
the environmental and urbanistic context. Dr. Augusto Silva square, situated in
the city of Lavras - MG, has been already called Largo da Matriz, Praça Central
and Jardim Municipal. It was officially inaugurated on November 29, 1908, when
it started having the name of an illustrious doctor from Lavras. The square Dr.
Augusto Silva, has a current area of 7.552,65 m2 and presents, as
its extension, Leonardo Venerando Pereira square, with current area of 2.041,72
m2. Until 1940, this extension had been called Praça da Bandeira.
Since then it was evidenced than since early the 1910s, this place has been the
stage of great celebrations and political meetings. It has also been a well
frequented place by the population. It has rich vegetation, where a centennial
tipuana (Tipuana tipu) and imperial palms (Roystonea oleracea)
are distinguished. With the objective evaluating its current situation and
uses, an evaluation was accomplished, by means of quantitative analysis and
research together with population. A series of evaluations was made, referring
to the following itens: urbanistic and physical aspects, and the vegetation.
The survey was applied to approximately 600 users, in the park in different
days of the week and schedules, using a questionnaire with direct questions to
the interviewed ones. The collected data had been statistically analyzed using
the software SPSS, where the percentage frequencies were been obtained. Most of
the interviewed ones judges the park as a meeting place among friends, where
they contemplate its beauty and rest. By means of researches of opinion made
with the users of the square, one could identify that the park is a place well
frequented by several age groups, at different periods of the day. Dr. Augusto
Silva square has been of great importance to the daily life of the population,
improving mainly their environmental quality of life.
Index terms: Green
areas, Public squares, landscape design.
INTRODUÇÃO
A paisagem urbana deve integrar o homem com o meio ambiente e satisfazer
às suas necessidades. No entanto, em decorrência do crescimento muitas vezes
inadequado das cidades, o meio ambiente urbano vem sofrendo diversas
modificações, que contribuem para a insatisfação da população.
As praças públicas no contexto urbanístico ambiental apresentam
relevante papel na melhoria da qualidade de vida da população, são bens de uso
comum que contribuem para o embelezamento das cidades. Normalmente, as praças
são compostas por bancos, coretos, jardim, via de circulação, e muitas vezes
outras estruturas (SILVA, 2003).
A Praça Dr. Augusto Silva foi palco de muitos encontros políticos e
celebrações relevantes na década de 40, e continua contribuindo de maneira
fundamental para o embelezamento e melhor qualidade de vida dos seus usuários,
promovendo encontros, feira de artesanato aos domingos, área de reflexão e
contato com a natureza, além de outros eventos sociais. Ela possui espécies
arbóreas como a centenária Tipuana (Tipuana tipu), ipês (Tabebuia spp.),
palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea), entre outras, (SILVA, 2003). A
praça é toda gramada com grama-são-carlos (Axonopus affinis), seguindo o
estilo inglês. Na Figura 1, observa-se algumas das espécies citadas,
dando destaque às palmeiras-imperiais.
A praça Dr. Augusto Silva, que também recebeu ao longo de sua
implantação outros nomes, como Largo da Matriz e Jardim Municipal, é de grande
importância histórica. Está situada na parte central da cidade e possui uma
área total de 9.594,37m2, incluindo a Praça Leonardo Venerando
Pereira, conforme levantamento planimétrico realizado.
A Praça Dr. Augusto Silva foi inaugurada em 29 de novembro de 1908, 277
anos, após a fundação da cidade. O nome dado a essa praça foi em homenagem ao
ilustre médico lavrense Dr. Augusto José da Silva. É um espaço público de
grande valor histórico para a população e também foi palco de inúmeros
episódios políticos-sociais relevantes (SILVA, 2003).
Atualmente, as praças ou áreas verdes, têm fundamental importância em
uma cidade, sendo utilizadas por pessoas de todas as idades e classes sociais,
com a função de promover uma qualidade de vida melhor para população,
fornecendo aos seus usuários recreação, lazer e uma vida mais saudável.
A praça, juntamente com as ruas, consiste em um dos mais importantes
espaços públicos urbanos da história no país, tendo, desde os primeiros tempos
da Colônia, desempenhando um papel fundamental no contexto das relações sociais
em desenvolvimento. De simples terreiro a sofisticado jardim, de campo de jogos
a centro esportivo complexo, a praça é, portanto, um centro, um ponto de
convergência da população que a ela acorre para o ócio, para comerciar, trocar
idéias, e ainda para encontros românticos ou políticos. Enfim, para o
desempenho da vida urbana ao ar livre (ADAMS, 2002; ROBBA & MACEDO, 2002).
As praças são de grande importância numa comunidade, sendo fundamental
um planejamento urbano adequado e tecnicamente bem executado, seguido de uma
manutenção rigorosa, que levem à preservação e satisfação de seus usuários
(CARVALHO, 2001).
É pelo uso
que as pessoas fazem de uma praça um espaço importante para o seu dia-a-dia e
convívio social (SOUSA, 2005).
Objetivou-se
no presente trabalho analisar a situação atual da praça Dr. Augusto Silva, com
a finalidade de avaliar suas características e usos.
MATERIAL E
MÉTODOS
Foi
realizada uma pesquisa junto aos usuários da praça Dr. Augusto Silva e Leonardo
Venerando Pereira, onde os aspectos urbanísticos, físicos e a vegetação foram
avaliados, para se determinar quais as necessidades e opinião da população em
relação à praça.
As praças
estão localizadas na cidade de Lavras, MG, enfocando vários âmbitos. Os itens
qualitativos foram previamente estipulados em uma ficha de campo (formulário),
com as seguintes características:
a) aspectos
gerais sobre a praça: questionou-se a beleza da praça, vegetação em geral,
gramado, iluminação, limpeza, segurança, pavimentação, manutenção e diversão.
Nesse caso, o usuário avaliou estes itens tendo como parâmetro os conceitos:
péssimo, ruim, regular, bom e ótimo;
b)
necessidade de acrescentar itens diversos: foram relacionados itens
diversificados, tais como: atividades para criança, flores, lixeiras,
iluminação, coreto, atividades culturais e outros. Esse último item,
relacionado como outros, ficou livre para se obter uma opinião própria do
usuário. Para a obtenção das respostas, o usuário respondeu dizendo
satisfatório ou deficitário, conforme a sua opinião sobre cada item perguntado;
c)
utilização da praça: relatou-se a freqüência com que esse usuário utiliza a
praça, assim como os períodos do dia em que costuma freqüentá-la;
d)
identificação do usuário: nesse item foi identificada a profissão do usuário,
bem como sua faixa etária, nível de escolaridade e sexo;
e) aspectos
da vegetação: foram avaliados os diferentes grupos de plantas ornamentais, tais
como: árvores, arbustos, palmeiras, canteiros com flores e forrações. Assim
como no item anterior, também foram utilizados os conceitos: péssimo, ruim,
regular, bom e ótimo;
f) opinião
pessoal: foi realizada uma pergunta que o usuário respondeu livremente com
relação às mudanças na infra-estrutura da praça, de modo geral, no decorrer dos
anos.
Para um
estudo com proporções, o tamanho da amostra pode ser definido pela equação
(1.1). A equação depende da margem de erro da pesquisa e do nível de confiança
de 95%, considerando uma distribuição normal. Não se sabe, a priori, sobre o
comportamento da proporção de indivíduos que possuem a característica de
interesse e dos indivíduos que não possuem a característica de interesse. Dessa
forma, adota-se o valor para a consideração da maior incerteza, sendo p = q =
0,5 (FERREIRA, 2005).
Adotando-se uma margem de erro de 4,1%, o tamanho da amostra foi
definido em, aproximadamente 600 entrevistas. Determinado o tamanho da amostra,
realizouse um processo de amostragem aleatória simples.
A análise estatística utilizada para avaliar a opinião dos usuários
quanto à existência de significância foi o Teste Z para a proporção,
considerando um nível de confiança de 95%. A equação do teste (equação 1.2) foi
utilizada para testar se a amplitude entre as proporções era diferente de zero;
caso fosse significativa, as proporções receberam letras diferentes (FERREIRA,
2005).
sendo pi e pi' proporções de
classes diferentes e n o tamanho amostral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio do questionário, os entrevistados puderam avaliar os espaços em
relação à sua beleza e à presença de árvores, arbustos, palmeiras e canteiros
floríferos.
A partir dos resultados obtidos pela pesquisa de opinião, obtiveram-se algumas
informações sobre o que acham os usuários com relação às características das
praças Dr. Augusto Silva e Leonardo Venerando Pereira. Os resultados
apresentam-se na Tabela 1.
Segundo a opinião dos usuários, em relação à beleza, a maioria, 91,5%,
considera as praças como belas, avaliando-as nas categorias bom e ótimo,
confirmando a ideia de serem consideradas monumento da cidade. As árvores e
arbustos existentes na praça também agradam à maioria dos entrevistados, pois
receberam 43% e 59%, respectivamente, de conceito bom. Em relação à presença de
canteiros floríferos na praça, apenas 4,8% atribuíram um conceito ótimo e 15,8%
como bom. A maioria, 34,2%, considera esse item como péssimo. A redução de
canteiros floríferos foi conseqüência da reforma realizada em 2002, quando
muitas espécies foram substituídas por folhagens. Essa modificação não agradou
muito aos usuários.
Com relação à infra-estrutura da praça, a avaliação de seus usuários
revelou que os itens avaliados (lixeiras, atividades para crianças, atividades
culturais, coreto ou palco e outros) foram enquadrados em itens satisfatórios
ou deficitários para as praças. Com relação à realização de atividades para
crianças, a opinião dos entrevistados foi dividida, ou seja, estatisticamente,
as opiniões foram iguais, resultando em 43,7% para satisfatório e 56,3% para
deficitário. Esse resultado talvez esteja associado às diferentes necessidades
de cada usuário em relação a este item. Os resultados constatam-se pela tabela 2.
Observa-se que 52,7% dos usuários considera como satisfatórios o número
de lixeiras ou a realização de atividades culturais (51,70%).
Perguntou-se também a opinião dos entrevistados sobre estruturas que a
praça não apresentava. De acordo com os resultados, 60,8% deles se mostraram
insatisfeitos, sendo necessárias outras estruturas. Entre os elementos
solicitados a 39,2% dos entrevistados, têm-se a instalação de um ponto de
informações (64%), seguido de bebedouro (22%) e ainda, de um banheiro público,
solicitado, principalmente, pelos mais idosos e residentes em bairros mais
afastados da praça.
Analisando-se a Tabela 3, observa-se que, por se tratar de uma
praça central, a população a tem como referência. A maioria dos usuários
entrevistados (35,5%) frequenta esse espaço público somente uma vez por semana,
talvez por questões de necessidades pessoais ou, simplesmente, por lazer. Os frequentadores diários, bem como os que frequentam esse local duas vezes por semana, representam uma porcentagem estatisticamente semelhante, ou seja, 24,8%
e 25,2%, respectivamente. Assim, acredita-se que a freqüência diária registrada
pelos usuários possa ser por motivo de trabalho, pois o entorno da praça é
constituído por várias agências bancárias e outros setores de negócios. A menor
freqüência (14,2%) foi relativa às pessoas que frequentam a praça três vezes
por semana.
Com relação ao nível de escolaridade, 45,8% dos usuários entrevistados
possuem o ensino fundamental e 33% o ensino médio (Tabela 4). Os usuários que declaram ter curso
superior, não frequentam a praça com muita assiduidade, comparados com os frequentadores de ensino médio e fundamental.
Indica-se na Tabela 5 a utilização da praça segundo a faixa
etária dos seus usuários. Jovens entre 15-20 anos e pessoas acima de 60 anos
apresentaram porcentagens próximas, 27,0% e 25,5%, embora tenham sido
detectadas diferenças estatísticas. Acredita-se que os jovens frequentem a
praça com a finalidade de entretenimento, já na faixa etária acima de 60 anos,
que inclui, de modo geral, os aposentados, grupo esse que possui maior
disponibilidade de tempo, a utilizam para descanso, contemplação e bate-papo.
Observa-se que adultos jovens, nas faixas etárias
entre 30-40 e 20-30 anos, são os que menos freqüentam a praça, correspondendo a
apenas 13,8% e 15,7%, respectivamente.
Em relação ao período de utilização, a menor
freqüência foi observada no período da manhã (13,8%), conforme dados da Tabela 6. Apesar de ser uma porcentagem inferior
em relação às demais, algumas pessoas utilizam o passeio de contorno da praça
para realização de caminhadas nesse período. À tarde, a freqüência dos usuários
da praça é maior, comparada à freqüência nos períodos do dia, o que pode ser
justificado pelo fato das pessoas utilizarem à praça nos momentos de trabalho,
pois corresponde ao horário de funcionamento bancário e de outras repartições
públicas. À noite, o porcentual de freqüência é maior (40,2%) em relação aos demais.
A interação das variáveis períodos de frequência à praça e faixa etária,
iluminação e segurança, diversão e faixa etária foram estudadas para verificar
a existência de dependência. Foi utilizado o teste de c2, a 5% de
significância. Todas as relações apresentaram significância e, com isso,
pode-se afirmar que existe relação entre as variáveis. Por essa razão, foram
feitos os desdobramentos utilizando-se o teste Z para proporções, a 5% de significância.
Para o
estudo das variáveis períodos de frequência e faixa etária foi realizado o
desdobramento, em que foram estudadas as diferenças entre as faixas etárias
dentro de cada período. Os resultados apresentam-se na Tabela 7.
De acordo com os dados da Tabela 7, pode-se observar que o período de maior
frequência, por jovens entre 15 e 20 anos (38,2%), é o noturno. Observa-se
também que pessoas mais idosas (acima de 60 anos) utilizam a praça tanto na
parte da manhã quanto na manhã e tarde (33,7%), mas são poucos (8,5%) que a
utilizam apenas na parte da tarde.
Quando se analisa o período da tarde, pode-se concluir-se que a faixa
etária que mais frequenta a praça está compreendida entre 20-30 anos, o que
corresponde a 28,1% dos usuários. Acredita-se as pessoas dessas faixas etárias
entre 20-30 e 30-40, frequentam a praça principalmente por motivos de trabalho,
tornando-a assim um local de passagem.
Para o estudo das variáveis iluminação e segurança oferecidos pela praça
foi realizado o desdobramento, sendo estudadas as diferenças entre os níveis de
segurança dentro de cada nível de iluminação (Tabela 8).
Por meio dos resultados que constam da Tabela 8, pode-se afirmar que a
iluminação foi preponderante na determinação da opinião da segurança do local.
Segundo a opinião dos usuários que classificaram a iluminação como ruim, 47,5%
deles também classificaram a segurança como ruim. Em relação à iluminação, 52,8
responderam que é ótima, classificando a segurança como boa.
Quando o
fator avaliado iluminação é fixado, constata-se que quando os usuários a
consideram um resultado bom (46,30%), a segurança também obteve uma proporção
regular (46,30%), conforme Tabela 8. Com isto pode-se inferir que os itens
avaliados iluminação x segurança estão associados segundo opinião dos usuários,
mas não se tem uma correlação que explique a situação da praça.
Para o
estudo das variáveis diversão e faixa etária foi feito o desdobramento que
apresenta-se na Tabela 9.
Por meio dos
resultados apresentados na Tabela 9, pode-se afirmar que usuários na faixa
etária de 30 a 40 anos são os que consideram como péssima a diversão oferecida
na praça. Isso justifica o fato de esse constituir o grupo que menos frequenta a praça (Tabela 5). Ao contrário, os jovens de idade entre
15 a 20 anos consideram a diversão como ótima, sendo esse o grupo que apresenta
grande freqüência (Tabela 5). Também os usuários com a idade acima
de 60 anos, que constituem outro grupo de grande freqüência à praça, consideram
como boa a diversão oferecida na praça.
Avaliando a
faixa etária 30-40 anos, verifica-se que a diversão está enquadrada como
péssima, assim se pode constatar que essa faixa etária não está satisfeita com
o que a praça tem a oferecer no que diz respeito ao lazer e diversão.
CONCLUSÕES
Analisando a
opinião dos usuários da praça, podese concluir que:
-
considerando a faixa etária, os usuários entre 1520 anos e acima de 60 anos
representam a maior percentagem com relação ao período de freqüência à praça;
- em se
tratando da beleza da praça conclui-se que a maioria dos usuários a considera
como ótima, correspondendo a 91,5% dos entrevistados;
- a praça é
um local muito utilizado pela população de várias faixas etárias, em diferentes
períodos do dia. Os freqüentadores diários bem como os que freqüentam o local
duas vezes por semana, representam uma porcentagem estatisticamente semelhante,
ou seja, 24,8% e 25,2%, respectivamente;
- entre os
entrevistados, 45,8% possuem o ensino fundamental e 33% o ensino médio. Curso
superior é o nível de escolaridade de 21% dos usuários;
- a praça é
muito freqüentada no período da noite por jovens de faixa etária entre 15-20
anos, correspondendo uma porcentagem de 40,2% do total de freqüentadores da
praça.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, B. Preservação urbana: gestão e resgate de uma história. Florianópolis: UFSC, 2002. 192 p.
CARVALHO, L. M. de. Áreas verdes da cidade de Lavras/MG: caracterização, usos e necessidades. 2001. 115 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001.
FERREIRA, D. F. Estatística básica. Lavras: UFLA, 2005. 664 p.
ROBBA, F.; MACEDO, S. S. Praças brasileiras. São Paulo: USP, 2002. 311 p.
SILVA, M. J. Ações estratégicas para o turismo no município de Lavras-MG. 2003. 167 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia, área de concentração em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2003.
SOUSA, B. A. de A. Análise da utilização pelos usuários de duas praças em Betim-MG. 2005. 53 p. Monografia (Pós-Graduação) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2005.
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A
Praça Dr. Augusto Silva, Lavras-MG: uma visão de usos, costumes e regulamentos
nas décadas de 1910 e 1920.
Alessandra
Teixeira da Silva1,
Thaísa
SilvaTavares2
Engenheira Florestal; Engenheira Agrônoma.
INTRODUÇÃO
Os jardins e parques tiveram suas
características ligadas ao pensamento estético nos diversos períodos ao longo
da história humana, principalmente no que se refere ao seu planejamento e
estrutura para uso público.
Uma
dimensão cognitiva do jardim passa ao largo de considerações racionais ou
míticas, supondo apenas o reconhecimento de regras criadas e aceitas pela
sociedade. Adentrar em um jardim implicava o aceite de regras de um jogo social
imposto por uma norma de comportamento refinado. O jardim público era o local
de encontros das elites ou dos segmentos derivados, passarela da demonstração,
das vaidades expostas das trocas sociais legitimando pelos valores aceitos
pelas sociedades que constituíram tais recantos (Segawa, 1996).
Segundo
Segawa (1996), para os parques e jardins
da cidade de Belém, a administração local editou, em setembro de 1903, um
“Regulamento para o serviço no Bosque, Horto e Parques Municipais” no qual
pode-se relatar alguns deles: nos recintos públicos, não se permitia
entrada às “pessoas
que estiverem ébrias ou disso tenham hábito; os que trajarem indecentemente ou de modo ofensivo
ao decoro; cães e outros animais”; estragar as plantas e flores; atirar pedras
ou quaisquer
outros projéteis; pisar e andar sobre a grama ou penetrar nos grupos de vegetação; permanecer
nas sentinas e mictórios mais do tempo preciso para satisfazer as
necessidades naturais; fazer algazarras; conduzir-se por palavras e atos de modo
ofensivo ao decoro e à moral”. A penalidade por esses vários delitos era multa em
dinheiro, expulsão imediata para fora do jardim e pagamento do dano que
causar.
Estas regras citadas acima podem ser comparadas ao regulamento da Praça Dr.
Augusto Silva, no qual relata também a preocupação por parte do poder municipal
em conservar e preservar o espaço público. Na época, alguns segmentos da
população reconheceram o valor da praça, pois existia um movimento no sentido
da necessidade de uma área verde útil à população.
Os
séculos XIX e XX foram decisivos na história da evolução das praças,
considerando que a antiga praça passou a ser ajardinada, equipada, pavimentada
e tratada com esmero, de modo a abrigar todas as novas modalidades de vida
urbana que são então estruturadas (Robba & Macedo, 2003).
A praça, juntamente com as ruas,
consiste em um dos mais importantes espaços públicos urbanos da história no
país, tendo, desde os primeiros tempos da Colônia, desempenhando um papel
fundamental no contexto das relações sociais em desenvolvimento(Adams, 2002; Robba & Macedo, 2003).
As
praças são unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana e o seu modo
de tratamento e uso indicam o nível de civilidade de seus usuários e o
exercício dos direitos e deveres de cidadania nela vivenciados. É pelo uso que
as pessoas fazem de uma praça um espaço importante para o seu dia-a-dia e
convívio social (Sousa, 2005).
OBJETIVO(s)
O trabalho teve como objetivo
resgatar parte da memória e história da Praça Dr. Augusto Silva, que tem uma
ligação bastante íntima com o município, visto que este espaço público além de
marco inicial da civilização foi também um local muito freqüentado com grandes celebrações e
encontros políticos, sendo hoje uma grande área verde localizada no centro da
cidade.
METODOLOGIA
A praça Dr. Augusto Silva, situada
no município de Lavras, MG, também já foi chamada de Largo da Matriz, Praça
Central e Jardim Municipal, tendo sido inaugurada oficialmente em 29 de
novembro de 1908, na administração do senhor agente executivo (denominação da
época para o cargo de prefeito), coronel Pedro Salles, passando então a ser
denominada de Praça Dr. Augusto Silva em homenagem ao ilustre médico lavrense. Visando o embelezamento do Jardim
Municipal, o idealizador do jardim, Sr. Bernardino Maceira, elaborou um projeto propondo
calçadas cimentadas, que foi apresentado à câmara municipal no dia 15 de julho
de 1905. Com a finalidade de reunir e elaborar um texto sobre o funcionamento
da praça bem como seus costumes e usos, foi realizado um levantamento de
documentos históricos, que foram pesquisados na Secretaria Municipal de Obras
da Prefeitura Municipal de Lavras, em arquivos do museu Bi-Moreira, localizado no campus histórico da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), em acervos particulares e também
entrevistas com historiadores, que assim puderam transmitir informações que
tiveram como objetivo dar suporte aos documentos estudados nesta pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A praça era um lugar para passeio e
não apresentava grandes atrações culturais até meados de 1908. Foi a partir daí
que surgiu a iniciativa do lavrense e maestro Riciotti Volpe que revolucionou os usos da
praça e trouxe grande alegria e diversão ao povo, inaugurando assim um barzinho
dentro da praça com comidas típicas e música aos domingos e feriados.
As
apresentações eram, em princípio, ambulantes, ou seja, ao som de pianolas
tocadas pelo capitão Evaristo Alves de Azevedo ou pelos irmãos, Atílio e Riciotti. Para a exibição dos filmes, o Sr.
Riciotti Volpe construiu um pavilhão
próximo à praça em comum acordo com a Câmara Municipal. Este cinema foi
inaugurado em 12 de junho de 1910. . Assim, desde o início do século XX, Lavras
já apresentava exibições cinematográficas.
Em
relação aos regulamentos, instalou-se na praça uma cerca, com a finalidade de
isolar a área e regulamentar o seu uso. Observa-se
na abaixo, a presença de uma cerca de arame farpado, vista em umas das
laterais da praça, e outra no centro da praça, o que foi alvo de muitas
críticas da população da época. Este fato foi registrado em artigo do jornal
local, que relata profunda consideração ao “jardim público” da cidade, mas,
ressaltando a presença da cerca, com os seguintes dizeres:
... e ali está o jardim com todas as suas
utilidades incontestáveis, e, deveras agrada a vista a simetria dos seus
canteiros e o trato que elles têm,
apezar da
cerca de arame farpado que o circunda e que deve ser provisória...”
(O Jardim Público, 1909).
Vista
parcial da Praça Dr. Augusto Silva, 1913.
Fonte: Arquivos do museu Bi Moreira
|
A praça era um local ajardinado no
qual era constituído por um recinto fechado, cercado com arame e possuía quatro
portões, um em cada lateral da praça, sendo estes trancados com cadeado à
noite. Além disso, possuía normas de funcionamento, pois se têm relatos de que
a praça era fechada às 20 horas, quando tocava o sino da cadeia. Antes do ano
de 1910, quando ainda não havia luz elétrica no município, o funcionário da
Prefeitura usava um bastão para apagar os lampiões a gás existentes na praça.
Na administração do Dr. Álvaro
Augusto de Andrade Botelho, foi instituído um regulamento no qual foi escrito
em 12 de dezembro de 1917 e transcrito a seguir:
Regulamento do Jardim da Praça Dr.
Augusto Silva
Art. 1º. O jardim da Praça Dr. Augusto Silva,
entregue ao gozo publico, será aberto todos os dias às 5 horas da tarde e
poderá ser freqüentado por
todas as pessoas que nelle quizeram
entrar, salvo as manifestamente embriagadas e as que não se acharem
decentemente vestidas. Entendem-se que pessoas decentemente vestidas as que
trouxerem paletós e calças limpas, não sendo exigido que estejam calçadas.
Art.
2º. Nos dias comuns o jardim será fechado às 8 horas da noite e nos domingos,
dias santificados da Igreja Catholica e de
festa nacional o fechamento dos portões será feito às 10 horas. Nas tardes
chuvosas não será freqüentado o
jardim e quando aconteça sobrevir mao tempo depois de aberto os portões
o encarregado os poderá fechar, convidando previamente os passeiantes a
retirarem-se.
Art.
3º. É prohibido
tocar nas plantas e nas flores. O freqüentador do
jardim que transgredir a prohibição será
avisado pelo encarregado da fiscalização e na reincidência multado em 5$000.
Art. 4º. São prohibidas as
correrias de pessoas a pé pelas ruas do jardim, bem como as pessoas de carros
ou de bicycletas, excepção
feita dos carrinhos de crianças ainda mesmo puxados por animaes.
Art. 5º. Os freqüentadores do
jardim que se julgarem maltratados pelo pessoal do serviço da fiscalização ou
que presenciarem actos de descortezia para
com terceiros poderão communicar o
facto ao agente executivo para que este providencie pela punição do empregado
que faltou á cortezia para
com o queixoso ou terceiro.
Art. 6º. No caso de algum passeiante se
recusar a sahir do
jardim à hora do fechamento dos portões o encarregado da fiscalização communicará o
facto à policia para providencias.
Art. 7º. O encarregado da fiscalização usará
como distinctivo da
sua função
um bonet
escuro com as letras C.M.
Art. 8º. São revogadas as disposições em
contrário.
(Regulamento, 1917)
O
regulamento registra a preocupação, por parte do poder municipal, em conservar
e preservar o espaço público. Na época, alguns segmentos da população
reconheceram o valor daquela praça pública, pois se pode considerar como marco
inicial de um movimento concreto no sentido da necessidade de uma área verde
útil para a população. A beleza das flores e das plantas, de modo geral, não
poderia transgredir aos olhos dos vândalos, pois a eles uma multa poderia ser
aplicada. Em
função de o logradouro ser de chão batido, a presença dos visitantes em dias de
chuva dificultaria os acessos que, por sua vez, se transformavam em pisos
barrentos. Com relação ao traje imposto para se frequentar a praça, este era bem formal, visto que
a mentalidade da população ainda era provinciana. Em se tratando do uso do
calçado, nem todas as pessoas o possuíam, razão pela qual as pessoas poderiam
estar com uma indumentária descente e sem calçado. É interessante observar que
o documento mencionava a existência de flores na praça.
CONCLUSÕES
Desde o século XIX, o jardim
municipal já era um marco da civilização lavrense, pois o casario e as construções
coloniais já faziam parte do seu entorno. Após a inauguração do Jardim
Municipal, em 1908, ficou registrada a grande preocupação dos governantes em
preservar e manter esta praça, visto que até a década de 1930, foram encontrados
documentos que comprovam a adoção de posturas políticas que a deixaram,
aparentemente, em um estado de conservação.
A
praça era um local ajardinado cercado por arame farpado onde se cultivavam
várias espécies de plantas, inclusive floríferas.O início da década de 1910 marcou o
desenvolvimento cultural naquele logradouro, com diversas apresentações de
bandas e retretas, além de exibições cinematográficas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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B. Preservação
urbana: gestão
e resgate de uma história. Florianópolis, SC: UFSC, 2002. 192p.
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JARDIM Público. O
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Lavras, MG, 15 ago. 1909.
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brasileiras. 2.ed.
São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003. 311p. (Coleção Quapá).
SEGAWA,
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amor do público: jardins
no Brasil. São Paulo: Studio Nobel / FAPESP, 1996. 255p.SOUSA,
B. A. de A. Análise
da utilização pelos usuários de duas praças em Betim-MG. 2005. 53p.
(Monografia)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG
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